Chuunibyou demo koi ga shitai! (TV)

• Título: Chuunibyou demo Koi Ga Shitai!
• Autoria: Torako
• Diretor: Tatsuya Ishihara
• Estúdio: Kyoto Animation
• Ano: 2012

OP:
- Sparkling Daydream por ZAQ

ED:
- Inside Identity by Black Raison d'être

Ultimamente (2012 e 2013) alguns animes tem dado foco em temas que em geral são deixados em segundo plano em comédias e slice of life convencionais. O recente OreShura, por exemplo, que abordou o famoso triângulo amoroso amiga de infância X mocinho X namorada. Em Chuunibyou demo koi ga Shitai não é diferente, mas aqui o foco é essa “fase” da adolescência muito conhecida no universo dos animes.



Chuunibyou, genericamente falando, é aquela fase em que pessoas criam algum cenário sobre suas vidas, afirmando que são especiais de alguma maneira exagerada. Em geral são jovens (adolescentes) que acreditam ser como personagens de animes à Dragon ball, com super poderes, histórias de fundo incríveis, etc. Há casos em que chegam até a renegar suas verdadeiras identidade e existência.

Alguns personagens a serem citados com tal crise seriam Gokou Rui de Oreimo, mais conhecida como Kuroneko,  com seu cosplay de Gothic Loli e fazendo uso de um amplo, elegante e, por vezes, arcaico linguajar e sempre mencionando magia negra. E Kobato (que coincidentemente possui a mesma dubladora de Kuroneko) de Haganai (coincidentemente um anime do mesmo estúdio) autodenominada Reisis V. Felicity Sumeragi, uma vampira com poderes sobrenaturais.

Chuunibyou demo Koi Ga Shitai é um anime baseado em uma light novel homônima com alguns desvios de enredo por parte da equipe do estúdio Kyoto Animation.  Em geral é um anime que aborda completamente tal fase, com fortes desvios para o romance.


Enredo:

Basicamente são dois os personagens de grande relevância. Ambos são estudantes que acabaram de entrar no Ensino Médio. Togashi Yuuta, é um jovem que já chegou a estar nessa fase (Chuunibyou) em que se autodenominava “Dark Flame Master” mas agora que voltou a “normalidade”, quer de todas as maneiras possíveis esquecer o suposto passado “vergonhoso” e seguir uma alegre vida colegial. O problema começa quando Takanashi Rikka (a heroína da história), que, por motivos desconhecidos, sabe o segredo dele, passa a persegui-lo e “idolatrá-lo” na escola o chamando pelo seu título (Dark Flame Master). Note que ela também tem Chuunibyou e acredita que seu olho direito é o “Wicked Eye” onde veste uma lente de contato amarelada e faz uso de um tapa olho (virou moda...).

Rikka resolve criar um clube para manter suas desilusões ativas (e para trazer o “Dark flame Master” de volta) acaba criando um clube. Lá é onde conhecemos o resto dos personagens. Sendo eles outra ex-Chuunibyou, assim como Yuuta; Uma adoradora de sonecas; Uma ativa garota em Chuunibyou que afirma ser a serva de Rikka; Um jovem em busca de seu romance colegial. Seus nomes (não necessariamente nesta ordem) são: Ishiki Makoto, Dekomori Sanae, Nibutani Shinka e Tsuiyuri Kumin (não citei a ordem de quem é quem para evitar spoiler).

Outra personagem a ser citada é Takanashi Touka, a irmã de Rikka. Ambas dividem um apartamento sózinhas, e, por isso, Touka serve de figura materna para Rikka. Touka dá uma atenção especial para cuidar de Rikka por esta viver muito em seu próprio mundo. E é quem faz de tudo para ajudar Yuuta a conseguir convencer Rikka sobre a realidade.


Comentando:

A comédia tende a girar em torno da dupla, com Yuuta tentando de todas as maneiras possíveis trazer Rikka para a “normalidade” e Rikka tentando fazer com que Yuuta volte a ser “Dark Flame Master”.
Sobre a primeira parte, vale ressaltar que é muito divertida (chegando a ser comparável a um shonen clássico), pois,  quando Rikka resolve imaginar estar em uma batalha, a animação mostra realmente uma batalha de grandes dimensões, com explosões, poderes incríveis, etc. E por vezes assistir isso dá aquela sensação de empolgação, por mais que quando a cena mostre como é a "batalha" pelos olhos dos "outros" (Yuuta) a imagem é comicamente vergonhosa.

Outro detalhe a ser lembrado são os momentos em que Rikka e Yuuta se exaltam. No caso de Rikka, ela começa a se comportar como uma garota "normal" deixando aquele linguajar "legal" de lado. E, no caso de Yuuta, ele tem ataques histéricos ou simplesmente surta e volta a falar "legal" (como "Dark Flame Master").
Sobre a segunda parte (minha favorita pessoalmente), temos uma aproximação do casal principal (Rikka e Yuuta). Com Yuuta não vendo mais a atitude de Rikka como uma simples crise existencial, mas como uma maneira de esquecer e rejeitar seu próprio passado. Há também momentos em que personagens secundários ganham seu destaque, mostrando uma melhor compreensão dessa fase (chamada de "doença" por alguns no anime) "Chuunibyou".


Gênero: Comédia Romântica, Drama

Obviamente é um anime com maior peso em comédia, com algumas tendências ao romance em sua primeira metade. Rikka e Yuuta formam uma boa (e fofa) dupla de comediantes. Rikka sempre interpreta os acontecimentos do dia à dia de maneira inacreditável e Yuuta da maneira mais ordinária possível (como na cena da porta do trem logo no primeiro episódio). E quando ela tenta fingir ter super poderes para não trabalhar ou estudar e Yuuta a repreende.

Também há Dekomori e Shinka que estão sempre brigando e em discussões do mesmo nível das de Yuuta e Rikka, ignorando o fato que elas por vezes brigam fisicamente (com tapas, chutes, etc).
As doses de romance a princípio são bem sutis  mas vão ganhando força e ênfase na segunda metade, justamente quando a carga dramática da história passa a ficar mais pesada. Claro que houve uma maneirada aqui no drama (se compararmos com Clannad, Kanon e Air), tanto que certas cenas mais tristes são até ignoradas e mostradas em pequenos flashbacks. Salvo o final, que foi comovente e lento, emocionando muitos dos expectadores que o assistiram.


Estúdio - Kyoto Animation

Sem dúvidas um dos estúdios mais robustos da atualidade, mostrando uma qualidade técnica muito acima da média desde 2005 com Air (TV). Em Chuunibyou não é diferente, temos ótimos animações no mundo "normal" e excelentes sequências de "batalhas" nas desilusões de Rikka e Dekomori. A animação é fluida até mesmo na "batalha" mais rápida e os detalhes nos cenários (mesmo nas desilusões) são de deixar qualquer um boquiaberto.

A trilha sonora não fica para trás, músicas agitadas e animadas, casando perfeitamente com as desilusões. Músicas bem relaxantes e leves para as piadas casuais que ocorrem. E algumas ótimas músicas para o casal em cenas românticas. Sem contar os momentos dramáticos, boa parte do impacto se deve também a qualidade da trilha sonora no momento. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo sobre as músicas tema, somente a ED é mais lembrável, com a OP  tendo um clipe com qualidade superior a da música.


 Elenco:

Duas palavras: Fukuyama Jun. O Ryner de Densetsu no Yuusha no Densetsu, Kazuki de Busou Renkin, Lawrence de Spice and Wolf, Albert de Gankutsuou, dentre outros. Todos papeis muito bem interpretados, mas o mais memorável de todos LELOUCH de CODE GEASS. O papel mais conhecido e mais bem interpretado do dublador, tendo a mistura perfeita de superioridade, arrogância, inteligência e fúria. Pode não parecer, mas Fukuyama Jun ficou perfeito no papel de Yuuta, seu tom de voz em geral (quando está normal) lembra muito a gentileza e sinceridade de Albert em Gankutsuou, mas quando ele age como "Dark Flame Master", ele vira outra pessoa, e, sem dúvidas, relembra muito uma outra encarnação do príncipe de Britannia (Lelouch vi Britannia).

Só citar o nome dele já bastaria para dizer que o elenco é impecável, mas temos outras vozes de renome, como Hoshi Souchiro interpretando Ishiki Makoto, famoso por ter dublado Kira Yamato em Gundam Seed (Destiny), Kusanagi kei em Onegai Teacher e Gino em Code Geass R2. É claro que ele não apareceu nem com tom heroico como Kira, tom gentil como Kei ou descontraído como Gino. Ishiki é um jovem brincalhão apenas visando ter seu romance colegial.

Para as dubladoras, destaque para Uchida Maaya como Rikka. Ela já tinha mostrado talento interpretando a Rea (de Sankarea) com seu tom de donzela (elegante), mas como Rikka ela parece outra pessoa, toda hora fazendo um tom exagerado para tentar mostrar ser diferente e, nos momentos "normais", mostrando uma voz de menina perdida. A dubladora não teve muitos trabalhos ainda, mas com esses dois de destaque dá para concluir que ela é bem versátil.


Considerações:

Chuunibyou é uma fase muito criticada da vida dos jovens, e o que anime parecia vir para tirar sarro disso, no final mostrou o contrário. Não necessariamente há uma pregação do "movimento", mas sim uma explicação do quão "normal" isso poderia ser.

Como Shinka diz em um certo episódio. Todos podem estranhar ao ver um jovem querendo ser algo inacreditável com super poderes, mas ninguém percebe que este desejo de ser especial, ser algo mais do que uma mera existência ordinária faz parte da natureza humana. Não é incomum ver empresas competindo para estarem no topo do mercado. Atores querendo ser reconhecidos por suas performances, etc. O que Chuunibyou nos diz por fim? "Todos temos Chuunibyou" (em outras palavras, todos queremos, de alguma maneira, ser especiais).