Chihayafuru

• Título: Chihayafuru
• Autoria: Yuki Suetsugu
• Diretor: Morio Asaka
• Estúdio: MADHOUSE
• Ano: 2011

- Abertura:

• Youthfull por 99RadioService

- Encerramento:

• Soshite Ima por Asami Seto

Resenha da segunda temporada AQUI

O Josei/esportivo da temporada de outono do ano passado (2011), e um dos melhores (se não “o melhor”) animes no geral. Adaptado de um mangá homônimo pelo estúdio MADHOUSE, que mais uma vez deu um show de qualidade técnica, tanto em animação, quanto trilha sonora. O anime fala de um esporte tradicional japonês, o Karuta.

Karuta é um esporte relacionado à cultura japonesa, para ser mais exato, poemas. 100 poemas tradicionais são os instrumentos deste esporte, cujos segundos versos de todos eles são colocados em 100 cartas. Durante a partida, cada jogador recebe 50 cartas e as posiciona em seu “campo” da maneira que lhe for mais conveniente. Uma terceira pessoa, o leitor, lerá o primeiro verso de um determinado poema, os jogadores terão que tentar pegar a carta com o verso complementar. Aquele que esvaziar seu “campo” primeiro, ganha. (Sei que minha didática é horrível, mas garanto que se assistirem o anime, entenderão e amarão o jogo ao ponto de quererem joga-lo).

A história dele retrata um trio de amigos: Chihaya, Arata e Taichi, que, quando ainda eram crianças, aprenderam a jogar e amar Karuta juntos. Chihaya, a protagonista do anime, visa se tornar a “Queen”, que é o título dado a melhor jogadora de Karuta do Japão (e levando em conta que Karuta é um esporte exclusivamente japonês, a melhor do mundo).

O anime começa alguns anos após o trio se separar, Chihaya, que acabou de entrar no Ensino Médio, resolve criar um clube de Karuta, mas não tem muito sucesso. Não sei os detalhes reais, mas o anime retrata Karuta como um esporte não muito bem visto pelas pessoas, que o tratam como algo ultrapassado. Não demora muito para que Chihaya descubra que Taichi está na mesma escola que ela e, infelizmente, já não joga Karuta há um tempo. Pouco após isso, Chihaya recupera contato com Arata, o terceiro membro do grupo e o mais apaixonado pelo esporte, e descobre o pior, ele também parou de jogar. Nisso, vemos Chihaya lutando pelo seu sonho e tentando fazer com que seus antigos amigos voltem a jogar, para que assim eles possam voltar a se esforçar juntos.

Chihayafuru é um anime que se destaca por desenvolver muito bem todos os aspectos do enredo e personagens. Com o passar do tempo, novos membros no clube de Karuta vão aparecendo, cada um é único da sua maneira, e os dois protagonistas masculinos (Arata e Taichi) vão recuperando o brilho que já tiveram e, com isso, acabam por arrasar corações. Brincadeiras a parte, um dos fatores que mais perturba a relação do trio é o fato de Arata e Taichi gostarem de Chihaya.

Apesar de tudo, o maior trunfo do anime são os personagens, todos são carismáticos e amadurecem muito com o decorrer da série, não só como jogadores, mas como pessoas. Usarei o trio principal como exemplo:

PERIGO - SPOILERS

Chihaya (“Beleza desperdiçada”, por garotos aleatórios)

Ayase Chihaya por Seto Asami

É considerada uma garota de “beleza desperdiçada” por todos os garotos da escola, pois ela possui uma beleza digna de uma modelo, mas tem uma atitude muito “ativa” (Tomboy), algo que, segundo os padrões de beleza japonesa, não é muito atrativo. Ela pode não mudar muito de personalidade no decorrer do anime, mas dá para perceber que ela consegue inspirar todos no grupo com muita alegria e entusiasmo.

Quando se trata de versos de uma única sílaba, ninguém ganha dela. Chihaya possui instinto e velocidade para Karuta de dar inveja a qualquer um.

Taichi (“Um covarde”, por Arata):

Mashima Taichi por Miyano Mamoru

 Não se deixe enganar pelo título dele, Taichi é um personagem muito interessante. No passado (e início do anime) ele era um covarde, sempre fugindo do medo de perder e só participando de coisas que tinha certeza que podia vencer. No entanto, ele amadurece MUITO no decorrer do anime, aprendendo a aceitar suas próprias fraquezas, preferindo superar sua covardia a ser o vencedor.

É fácil perceber que do grupo, ele é o que possui menos talento para Karuta, não tendo velocidade, precisão e nem instintos bons, mas tenta compensar isso com seus talentos “comuns”, como sua memória e intelecto superiores.

Arata (“O Deus do Karuta”, por Chihaya)

Wataya Arata por Hosoya Yoshimasa 

Dos protagonistas, é o que menos aparece, mas o de maior impacto. No passado, ele sofria bullying de seus colegas de classe, inclusive Taichi. Chihaya foi a primeira a não destrata-lo pela sua falta de dinheiro e sotaque do “interior” (Fukui). Do trio, é o único que já conhecia Karuta, sendo neto de um dos maiores “Mestres” (título dado ao melhor jogador de Karuta do Japão, ou seja, mundo).

Foi ele quem ensinou Chihaya e Taichi a jogar, mas se mudou pouco depois dos dois já estarem familiarizados com o esporte. Não é para menos que Chihaya o considera “O DEUS do Karuta”, Arata não só tem uma memória de aço igual ao Taichi, como é rápido e preciso como Chihaya. Por certas razões, ele parou de jogar karuta.


Considerações:

Chihayafuru é um anime que, em seu gênero, não possui nenhum grande defeito. As partidas, em geral, não são repetitivas, pois ele só mostra as partes relevantes destas, usando um episódio no máximo em uma partida, e conseguindo nesse pequeno intervalo de tempo prender o expectador. O desenvolvimento dos personagens é mais que satisfatório, incluindo a relação do trio principal, um triângulo amoroso brilhante. Todos os fatores do anime são bem trabalhados, o romance, esporte, drama, comédia, slice of life, nenhum desaponta.

A parte técnica é magnífica, as cores são extremamente fortes e chamativas (uma coisa que me chamou a atenção é a coloração dos olhos), o traço de cada personagem é único, a fluidez da animação se mantém lá no alto e a trilha sonora consegue passar muito bem o clima de cada cena em que se fazem presentes.

Para fans de josei em geral, romances, animes esportivos e/ou comédia escolar, Chihayafuru é imperdível.